Gilcênio Vieira Souza
Raridades...
As próximas postagens são raridades do fundo do baú. Alguns, são textos da era pré-digital, ainda feitos na máquina de escrever! As datas da criação aparecem no fim de cada texto. Até que o primeiro - Pessoa - não é tão antigo: é de 2003. Abraços.
há um Pessoa
e suas múltiplas
pessoas
o problema é que nos
despessoalizamos
a todo instante
a ponto de não sabermos mais quem somos
ou
se ainda somos alguém
não nos permitimos ser
apenas vagabundos a molhar
a alma
solitários córregos
ou
ousados marinheiros a bradar
pelos mistérios do mundo
que maior prazer não há que
desafiar mistérios
como
o que fazer nessa tarde azul nesse planeta azul manchado pelo cinza do tédio e do torpor
de milhões de pessoas em milhões de anos singrando eras e sangrando e que não dormem e que não comem e que não sabem por que ainda podem ser chamados de homens?
seremos pessoas?
ou
por que não admirar
a beleza pagã
por trás dessas almas ingênuas
e conversar sobre a borda do universo e coisas afins
e dizer: “não estou para ninguém
nem para mim”
e deitar-se alma a alma
estender-se na relva olhando as estrelas?
sim
:
o principal dilema
dessa época
tão pouco
serena
é
:
ser uma pessoa
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