quarta-feira, março 19, 2008

Pessoa

Gilcênio Vieira Souza


Raridades...

As próximas postagens são raridades do fundo do baú. Alguns, são textos da era pré-digital, ainda feitos na máquina de escrever! As datas da criação aparecem no fim de cada texto. Até que o primeiro - Pessoa - não é tão antigo: é de 2003. Abraços.


em toda pessoa

há um Pessoa

e suas múltiplas

pessoas

o problema é que nos

despessoalizamos

a todo instante

a ponto de não sabermos mais quem somos

ou

se ainda somos alguém

não nos permitimos ser

apenas vagabundos a molhar

a alma

solitários córregos

ou

ousados marinheiros a bradar

pelos mistérios do mundo

que maior prazer não há que

desafiar mistérios

como

o que fazer nessa tarde azul nesse planeta azul manchado pelo cinza do tédio e do torpor

de milhões de pessoas em milhões de anos singrando eras e sangrando e que não dormem e que não comem e que não sabem por que ainda podem ser chamados de homens?

seremos pessoas?

ou

por que não admirar

a beleza pagã

por trás dessas almas ingênuas

e conversar sobre a borda do universo e coisas afins

e dizer: “não estou para ninguém

nem para mim”

e deitar-se alma a alma

estender-se na relva olhando as estrelas?

sim

:

o principal dilema

dessa época

tão pouco

serena

é

:

ser uma pessoa

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