sábado, dezembro 13, 2008

Barroca

um poema de 2006

aprendi com meu amor
que a vida é simples
há noites escuras
& tardes ensolaradas
invernos & verões
ondas marítimas & lavas vulcânicas

no entanto
as coisas da vida
não acontecem
em tão visível geometria

somos, ao mesmo tempo,
o escuro & o ensolarado
a terra & a lua

a vida não é “clássica”
a vida, companheiros, é barroca.

O poema pode ser visto/ouvido/baixado em versão power point no Gilcenio’s Blog:

http://gilcenio.wordpress.com/2008/12/13/barroca/barroca/

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Soneto pra quando eu terminar o ensino médio


Estudar, fazer provas, passar de ano,

Roer unhas, arrancar cabelos, adquirir olheiras,

Dar duro sempre, nunca entrar pelo cano,

Aprender o essencial, não falar asneiras.


E nessa rotina lá se vão onze anos...

Pra outros – doze, treze anos ou um tempo maior.

Servindo café aos neurônios, fazendo planos,

Sonhando com um diploma e uma vida melhor.


E como aprender a enigmática lição:

Como ser herói/heroína, um ser humano resistente

Sem extraviar o sorriso infantil e a imaginação?


Como ser criança e um exímio equilibrista,

Nunca perder a esperança, ser igual e diferente!

................. Vida de estudante é vida de artista!


Oito de dezembro de dois mil e oito, zero horas e vinte sete minutos. Para tod@s @s meus/minhas querid@s alun@s do Centro de Ensino Jansen Veloso e do Centro de Ensino Newton Bello.

quinta-feira, outubro 16, 2008

gente q espera


tem gente q espera o ônibus

tem gente q espera o salário

tem gente q espera o aumento de salário

tem gente q espera socorro no meio do oceano

tem gente q espera socorro na ilha

tem gente q espera um dia deixar de ser uma ilha

tem gente q espera josé ribamar ferreira escrever outro poema sujo

tem gente q espera uma nova balaiada

tem gente q já não espera

tem gente q não espera nada


tem gente q precisa

urgentemente

voltar a ser gente

gilcênio vieira souza, pio xii, 16/10/08, 00:48.

terça-feira, junho 10, 2008

thebodywantsthebody


um poema datado de 24 de abril de 2000. Clique nele para ver melhor.

domingo, junho 01, 2008

A professora

Gilcênio Vieira Souza

Sob as palmeiras, ela ensinava.

Ensinava aos seus irmãos de roça o pouco que sabia. Pouco também era o tempo que aquele grupo de mulheres e crianças dispunha: muito coco pra quebrar.

Nazaré mostrava as letras: como elas se juntavam. De vez em quando premiava seus alunos com sorrisos e elogios, quando estes a premiavam com uma palavra “assuletrada” direitinho...

Comadres e afilhadas de Nazaré... Mulheres do outro lado do rio também vinham. Elas se juntavam, cada uma dava um pouquinho e o de-comer era preparado lá mesmo. Judite dizia que era a hora do recreio. Sorriam. Nazaré tinha uma afeição especial por Judite: tinham nascido e crescido no mesmo Buraco Fundo antes de irem parar em Beijuzeiro. Creonice, filha de Judite, era como uma filha para Nazaré; tinha jogado nela água de batismo.

Com o tempo, muitas alunas desandaram, como dizia Nazaré. É que muitas estavam indo para a periferia da cidade, “procurá coisa mió que quebrá coco”. Judite mesmo estava pensando nisso. Antenor, o marido, de vez em quando arranjava serviço na chácara do Dr. Henrique. Já estavam de olho numa casa, de ponta de rua mesmo. E tinha Creonice, que não queria mais saber de quebrar coco, vivia andando pros lados da cidade, tava ficando falada. Judite marejava os olhos lembrando o dia em que Antenor chamara a filha de sem-vergonha e a botara para fora de casa. A menina só tinha 13 anos... Judite se consolava com Nazaré, que dizia que Deus ia dar um jeito.

Nazaré entristecia com as ausências debaixo dos babaçus. Seu João, o marido, dizia Desiste Nazaré, esse povo num quer nada. Mas Nazaré não desistia e se encantava com coisas simples, como ouvir alguma ex-aluna dizer que aprendera com ela a fazer o nome. Então Nazaré chorava, mas era de alegria.

De tristeza ela chorou quando Creonice foi rareando nas aulas até não ir mais. Não andava mais na casa dos pais!

Nazaré decidiu, um dia, procurar Creonice nos arrabaldes de uma noite. Ajeitou pra dormir na casa de Maria Boleira, comadre sua que mudara pra cidade faz tempo! E estava bem, o marido era fichado em firma. Tinha televisão das maior, até! Quando Nazaré disse que ia pros lados dos bregas, atrás de Creonice, Maria Boleira disse que ela tava maluca, Aquilo lá é lugar pra senhora ir, comadre? Deixessa menina pra lá, Deus cuida...

Mas Nazaré foi. Meu Deus, quanta inocente nessa vida! As meninas a olhavam com receio. Negavam-se a dar informações sobre Creonice, fingindo não conhecê-la, até que uma: a senhora é mãe dela? Sou como fosse. Ali, com aquele caminhoneiro. Nazaré se aproximou com valentia nos olhos. Creonice a viu e se desembaraçou rápida dos braços do caminhoneiro encostado no carro e camisa nos ombros.

Os olhos de Nazaré disseram amargas palavras, depois doces. Os olhos de Creonice baixaram, depois se fecharam por segundos. Saíram juntas. Nazaré falava breve, e baixo. Creonice tinha que deixar aquela vida, estudar, casar, ser mulher de respeito. O silêncio de Creonice gritava vergonhas, ódios, arrependimentos, incompreensões. Tudo isso Nazaré entendia.

Dormiram na casa de Maria Boleira. No outro dia, Judite chorava abraçada com a filha. Nazaré se embelezava, sorrindo calada.

Mas Creonice não demorou em casa. O pai bateu nela quando ela esqueceu de botar água pros animais, dois burros de carroça. De noite, ela fugiu. Judite chorou mais uma vez. Nazaré caminhou. Seguiu o mesmo itinerário de antes, mas disseram-lhe que Creonice havia se mandado com um caminhoneiro. Nazaré se culpou: se eu tivesse vindo logo, não tivesse deixado passar esses três dias...

Seis meses depois, seu João foi chamar Nazaré na hora da aula. Que foi, João? Deixas meninaí, vamo lá em casa; vem logo. Em casa, Nazaré encontrou Creonice – só os cambitos, magrinha magrinha. Nazaré conteve o choro. Madrinha, eu posso ficar aqui? Pode sim, minha filha! Nazaré ia cuidar da bichinha. Creonice tirou das costas uma mochila pequena e encardida e, do meio de roupas com cheiro de usadas e guardadas, tirou um caderno velho e amassado. Ó, madrinha! Diante do caderno e das lembranças das aulas que ele guardava, Nazaré desta vez chorou um choro envelhecidamente novo...

Santa Inês, 07 de abril de 1999.

Para Ádemas Galvão.

sábado, abril 26, 2008

poema (1993)


um poema de 1993, agora em versão digital.

Cosmo

Gilcênio Vieira Souza

Marcelo, finalmente um conto. De 2001.


O soldado cutucou sua barriga com o bico da botina. São Cosmo ainda tá vivo. São Pedro e São Anastácio já foram se encontrar com Deus... Ou com o diabo, completou o outro soldado, com desprezo nos olhos e nos lábios. Cosmo mexeu os olhos, procurando ver o pedaço de mundo que lhe restara, ausente dele as belezas de Deus, dois soldados fazendo um festim, bebendo e comendo ao lado dos cadáveres de Pedro e Anastácio, só esperado Cosmo morrer pra levar os três pra Juazeiro e mostrar ao povo na praça.... A ordem era essa, Cosmo ouvira os soldados da besta-fera conversando. Soldados da besta-fera. Os aviões haviam despejado fogo sobre as matas da Serra do Araripe, até então Cosmo não atinava que avião fosse esse engenho que carregava a morte nas asas... O povo do Caldeirão não entendia tanto ódio. Cosmo lembrou o rosto sereno do beato Zé Lourenço: a besta-fera não tarda atacar, vamos preparar o corpo e o espírito... E Maria de Oeiras? Tava viva? Maria... Por que não quis casar comigo? Cosmo prometeu a si mesmo que nunca mais cobiçaria mulher nenhuma, fez votos de castidade, penitenciou-se tantas e tantas vezes quando a imagem de Maria lhe envolvia em íntimos redemoinhos espirituais, o chicote fazia o pecado escorrer em fios de sangue pelo corpo marcado, e há dois anos, três dias depois de meu Padim Ciço morrer, ele e Nossa Senhora das Dores apareceram pra mim numa luz e me disseram pra procurar o beato Zé Lourenço e ir com ele pro Caldeirão... Deus havia abandonado Cosmo; como havia abandonado Cristo, como havia abandonado os companheiros pobrezinhos de Cosmo. Quem ia fazer alguma coisa pelo povo do Caldeirão, massacrado pelos soldados do governo, governo do rabudo? Ou Deus estava punindo Cosmo pela tocaia? A tocaia: vendo o que os soldados tinham feito no Caldeirão, destruindo as casas que tanto suor custaram, roubando os trecos, os animais, a comida, levando as moças pra Fortaleza à força (e Maria de Oeiras, pra onde tinha ido?), o avião despejando fogo, a humilhação, a perseguição ao beato Zé Lourenço, não se arrependia da tocaia, da peixeira enfiada no peito do capitão Zé Bezerra, chefe dos soldados, enviado-da-besta-fera. Fizera aquilo pra glória de Deus e Nossa Senhora, meu Padim Ciço, meu pai Zé Lourenço e... Maria de Oeiras... Maria... Uma nuvem cresceu do nada, sufocando aos poucos as últimas lembranças, até seu imo se ausentar de vez...

No mesmo dia, 30 de setembro, os cadáveres de Cosmo, Pedro e Anastácio, moradores da comunidade Caldeirão, foram exibidos ao povo, na praça central de Juazeiro do Norte, aos mil novecentos e trinta e seis anos do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo.

segunda-feira, abril 14, 2008

um poema de 1999

Gilcênio Vieira Souza

çuor

das matas

babaçuais

babaçu

ais

coronéis defloram &

não há terecovodu a que valham os

de nada exkariris pretocosmes

sem mãos sem ser-

mões vieiras ou damiões

de tanto cortar juquira

de nada valem esses joões

elEs pira

sonhos todam iguais

: carcaraven rapinando

cedo o inverno de seus algozes

pátria dos cocais

chega de lerolero

pra ser um cidadão não um zero

debaixo dos babaçu

ais

não se oiça never

never jamais

sábado, março 22, 2008

Um lugar na escola para a imaginação

Gilcênio Vieira Souza


Raridades III

Um texto de 1996. Sobre educação. Infelizmente, continua atual.

A escola no Brasil vive uma crise histórica. Esta afirmação virou um lugar comum, convenhamos. Porém, educadores conscientes do seu papel de agentes transformadores da realidade não podem adaptar-se à idéia de que é possível conviver acriticamente com este dilema. É preciso imaginar uma solução para os problemas educacionais brasileiros. E, imaginando, faremos uma primeira descoberta: a imaginação está ausente da escola, empobrecendo-a espiritualmente e alienando-a do processo social. Qual a importância do trabalho de dar “asas à imaginação” na sala de aula?

A liberdade de imaginar, exercida pelo professor e, conseqüentemente, pelo aluno, insurge-se contra a rotina robotizada que prevalece no ambiente escolar, cheia de tensões que deixam marcas em alunos e professores. O exercício da imaginação desperta nos alunos o interesse pela descoberta, o aluno descobre-se criador e libera aptidões, obscurecidas até então, devido à postura autoritária do professor e à monotonia não-criativa da escola.

Reciprocamente, o professor surpreende-se com seu próprio espírito lúdico e inventivo, que vivia sufocado pelo automatismo diário de um modelo educacional que privilegia a repetição e teme a inov(ação).

A escola precisa traçar um plano no qual todos estejam integrados numa ação uniforme, como um “Coletivo do Imaginário”. Sim, Coletivo do Imaginário (com maiúsculas mesmo), por que não? Não basta a atuação destemida de alguns professores. É necessário que todo o corpo escolar vivencie o trabalho da imaginação como uma prática democrática e um caminho para a mudança, para a invenção, para a criação do novo.

Imaginar é jogar; com imagens, conceitos, palavras. A prática pedagógica precisa adotar uma relação lúdica, que pontilhe de curiosidades o percurso utilizado pelo aluno, despertando-o para a busca e a recompensa da descoberta.

quinta-feira, março 20, 2008

Derrubando muros, construindo sonhos

RARIDADES II

Texto antológico

BOLETIM DA COPA 2002

Domingo, 30 de junho de 2002.

PENTACAMPEÃO!

Derrubando muros, construindo sonhos

Gilcênio Vieira Souza

Era uma vez um país. Nele, muitos meninos pobres costumavam se distrair (e distrair o estomago) correndo atrás de uma bola nos baldios terrenos da vida. Conversavam com o mundo – e geralmente para eles o mundo se resumia à favela, ao bairro ou ao pedaço de sertão que habitavam – utilizando a linguagem do futebol. Um deles deixou de ir treinar na sede do clube por não ter dinheiro para pagar o ônibus. Outro, foi rejeitado por um técnico sem intuição: “muito fraco, se der um vento, ele cai”. Mal sabia ele que o garoto desnutrido faria gols, depois, quase do meio do campo, com a bola vencendo, miraculosamente, todos os ventos contrários.

Não era esse o país das maravilhas... Longe disso. Como nação, foi mais uma madrasta má para muitos dos seus filhos, que cresciam sem lar, emprego, saúde, escola e amor. Tantos quase não viveram, e morreram no anonimato. Alguns, no entanto, foram longe e escreveram belíssimos poemas na linguagem na qual se tornariam mestres: a do futebol. Tornaram-se Pelés, Garrinchas, Romários, Rivaldos, Ronaldos...

E esse povo sofrido começou a ter um sonho: ser os melhores do mundo no futebol. E foram; uma, duas, três, quatro vezes! Nenhum outro país havia sido, então, campeão quatro vezes. Só aquele, que possuía o mítico nome de Brasil.

30 de junho de 2002. O país dos meninos pobres, que por uma ironia do destino se transformavam em gênios da bola, iria mais uma vez disputar uma final de Copa, a sétima. O seu adversário, a Alemanha, também disputaria a sétima final. Se o Brasil possuía o artilheiro da copa e o melhor ataque, a melhor defesa e o goleiro menos vazado eram da Alemanha, a “muralha da copa”. Tristes lembranças... Medo... À mente do povo vinham imagens de lágrimas, cinqüenta e dois anos atrás, no Brasil, e quatro anos atrás, na França.

Angústia maior foi ver começar o jogo e a Alemanha no ataque...

Mas, no imaginário coletivo, mais fortes foram as lembranças de outras copas: 1958, 1962, 1970 e 1994. Pátria de chuteiras, país do futebol. Em cada craque brasileiro que corre sobre o tapete do estádio japonês, a inspiração pede passagem... E aos poucos vão surgindo as chances de gol. Se o artilheiro da copa recebe marcação especial, então que tal surpreender os alemães com Kléberson? Bola na trave...

Segundo tempo. São Marcos orou por nós... Até que passados 20 minutos... Rivaldo e o seu precioso chute de fora da área: o muro da Alemanha era mais frágil do que imaginávamos. Ronaldinho aproveitou o rebote e mandou pro fundo da rede... Poucos minutos depois (pouco minutos? Tudo nesse jogo parecia uma eternidade...), a deixada de Rivaldo colocou de novo a bola nos pés de Ronaldinho: Brasil 2, Alemanha zero. Brasil: cinco vezes campeão...

E o mítico país dos meninos das peladas, mais uma vez mostrou ao mundo a sua arte. O povo infeliz embriagou-se de uma felicidade só possível de quatro em quatro anos. Viu, de novo, seus meninos desnutridos construindo o sonho de um país... E, intimamente, torceu para que este país não demore a construir o sonho de todos esses meninos...

quarta-feira, março 19, 2008

Pessoa

Gilcênio Vieira Souza


Raridades...

As próximas postagens são raridades do fundo do baú. Alguns, são textos da era pré-digital, ainda feitos na máquina de escrever! As datas da criação aparecem no fim de cada texto. Até que o primeiro - Pessoa - não é tão antigo: é de 2003. Abraços.


em toda pessoa

há um Pessoa

e suas múltiplas

pessoas

o problema é que nos

despessoalizamos

a todo instante

a ponto de não sabermos mais quem somos

ou

se ainda somos alguém

não nos permitimos ser

apenas vagabundos a molhar

a alma

solitários córregos

ou

ousados marinheiros a bradar

pelos mistérios do mundo

que maior prazer não há que

desafiar mistérios

como

o que fazer nessa tarde azul nesse planeta azul manchado pelo cinza do tédio e do torpor

de milhões de pessoas em milhões de anos singrando eras e sangrando e que não dormem e que não comem e que não sabem por que ainda podem ser chamados de homens?

seremos pessoas?

ou

por que não admirar

a beleza pagã

por trás dessas almas ingênuas

e conversar sobre a borda do universo e coisas afins

e dizer: “não estou para ninguém

nem para mim”

e deitar-se alma a alma

estender-se na relva olhando as estrelas?

sim

:

o principal dilema

dessa época

tão pouco

serena

é

:

ser uma pessoa

segunda-feira, janeiro 21, 2008

poema

Gilcênio Vieira Souza


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quinta-feira, janeiro 10, 2008

Heráclito

Gilcênio Vieira Souza

ninguém se banha

no mesmo

rio

duas

vezes

já dizia Heráclito

pois nem o rio

nem a pessoa

são os mesmos a cada segundo


estou aqui

no meio desse poema

e já não sou mais

o de antes, o das primeiras palavras

e o poema há muito deixou

de ser a folha em branco

à espera dum menestrel ou

do simples gesto

de uma mão ansiosa por contato

(não o do papel,

mas o silencioso enamoramento do olhar

de quem vai ler)


já que tudo muda

devemos tentar enxergar o segundo seguinte:

serei um velho contente de sua longevidade e cuja vida se resume a assistir na tv a novela das 8 de segunda a sábado e no domingo o futebol?

na dúvida,

cá estou a me aventurar por Joyce

e outros labirintos intelectuais


a

mudança não é

muda

: ela sussura ou grita

é branda ou enfezada

e quando, por um tempo afônica,

com música (ou ruídos)

na alma


sim, tudo muda


aprendamos, então,

a mudar


a mudar

com dignidade

e não ao sabor

de ventos

& tempestades


Pio XII, Maranhão, 10/01/08, 13 horas e 20 minutos.